"Toda transição é uma experiência de fim de mundo.
Cria uma barricada para roubar o tempo."
Jota Mombaça
O cinema está em constante risco de se refabular na medida em que a sobrevivência se vê diante da morte. ANHELL 69 começa em um casting sobre um filme que nunca será feito e essa impossibilidade do que será decorrente da trama sobre todes ali envolvidos.
Jovens dissidentes em seus corpos e afetos habitam a periferia de Medellín - a cidade sem paisagem. O futuro é um privilégio de poucos, diante disto corporificam-se as feridas do passado, reinventando os afetos e dando um lugar de intensidade ao presente. Isso que temos, subjetivações radicais e insubmissas onde é preciso armar a linguagem e tornar as imagens memoriais, performance, espectro, relacionamento, choro.
Na distopia fúnebre, os fantasmas nos espreitam, nos seduzem.
Não, não vão nos matar agora.
Um carro fúnebre percorre as ruas de Medellín, enquanto um jovem diretor conta a história de seu passado nessa cidade violenta e conservadora. Ele se lembra da pré-produção de seu primeiro filme, um filme B com fantasmas. A cena jovem queer de Medellín é escalada para o filme, mas o protagonista principal morre de overdose de heroína aos 21 anos, assim como muitos amigos do diretor. ANHELL69 explora os sonhos, as dúvidas e os medos de uma geração aniquilada e a luta para continuar fazendo cinema.