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Programas e Filmes

Programa 8 - Canção para Muybridge

O galope do cavalo inspira Muybridge a buscar movimento na fotografia estática. Em Lungta, de Alexandra Cuesta, o cavalo se movimenta quadro a quadro, numa velocidade que quer menos o movimento do que uma abstração, que quer menos ver o cavalo do que encontrar o seu fantasma. Em Promesa, por sua vez, Claudio Caldini quer reproduzir o movimento do cavalo a partir dos pixels, que transitam num fluxo quase energético conferindo ao cavalo mais do que a mecânica de seu galope, mas de seu espírito indomável. Em Horse Opera, o movimento está na articulação entre os sons das palavras em contraste com o que há de mais orgânico na existência do cavalo. No filme de Moyra Davey, a existência dos cavalos é uma metáfora para o tempo da criação, do movimento do pensamento e da materialização deste movimento em palavras, sons e imagens. É a reivindicação da liberdade criativa, do movimento criador, que entrelaça esses três filmes de cavalos, onde o gesto de Muybridge se converte num leitmotif materialista sobre o movimento do mundo.

Lungta

Alexandra Cuesta
2022 | 10' | DCP | Colorido

:Composição analógica de imagem e som.
:: Ilusão de movimento. Aparição. Desaparecimento.
::: Lungta (cavalo de vento, ar interno).

Ópera Cavalo / Horse Opera

Moyra Davey
2022 | 60' | DCP | Colorido

Horse Opera acompanha as façanhas de sua protagonista, Elle, enquanto ela se junta a seus amigos em várias festas dançantes e shows lendários na Nova York contemporânea. As histórias de experiência coletiva nesses espaços utópicos e joviais são contrastadas por temas de rendição corporal à idade e à passagem do tempo. Quando não está ficando acordada a noite toda sob as luzes da discoteca, Elle revela um monólogo interior impulsionado por uma lista de leitura de autores como Hilton Als, Anne Boyer e Elizabeth Hardwick. Mais do que nos filmes anteriores de Davey, a música pontua a progressão cíclica da narrativa, que também é interrompida pela necessidade de distanciamento social e sua consequente alienação.

Promesa

Claudio Caldini
2022 | 3' | DCP | P&B

"O título (como é importante um bom título) é perfeito porque, de fato, o vídeo é exatamente isso: uma promessa de algo que é anunciado e nunca se concretiza (porque a imagem está o tempo todo "desvendando"), mas que tem a felicidade e a plenitude da iminência. E penso, agora, na definição de arte de Adorno: "uma promessa de felicidade". A imagem da égua "volatilizando", decompondo-se em linhas fugazes (como grãos de areia espalhados pelo vento) teria encantado Muybridge." (David Oubiña)