Arquivos reunidos contra crimes cometidos por militares, violações de direitos que não tiveram chance de justiça em terras nas quais o neoliberalismo por vezes venceu. Chile 1973 detona um dispositivo revolucionário ao lembrar que aquelas imagens de arquivo não são sobre o passado. No salto, sentimos. Sabemos, enquanto isso, À Portas Fechadas, que a ficção mais violenta é o caco-fonema maior: registro do estado, arquivos em cheque no Brasil do AI-5. Como falar da violência dos arquivos sem repetir a violência dos arquivos?
13 de dezembro de 1968. O Conselho de Segurança Nacional se reúne para promulgar o AI-5. A reunião foi gravada, mas ficou secreta por décadas. Do lado de fora, no cinema e na televisão, a ditadura elabora sobre si mesma imagens de redenção nacional.
Baseado em um conjunto de fotografias tiradas por Koen Wessing, que assumiu o risco de documentar as ruas de Santiago, até mesmo o temido estádio, recém-preenchido com policiais que apoiavam o golpe. Quando o recém-eleito presidente Allende começou a compartilhar recursos com os pobres, a reação de Washington foi previsivelmente rápida. Um dos mais antigos financiadores de Nixon trabalhava para a Pepsi, e os interesses da mineração de carvão não ficavam muito atrás. Para proteger os acionistas, a CIA colocou seu general favorito no comando, um ditador que canalizava dinheiro para o sonho americano. Mas as resistências antigas e novas continuaram a crescer, um legado de defesa dos bens comuns que persiste até hoje.
