Guilherme Vaz é estado de pertencimento. É o músico concreto que mostrou que em som tudo é nós. Saía do Rio de Janeiro para Goiás para compor suas sinfonias com os povos indígenas enquanto no sudeste criava as mais belas trilhas musicais do cinema brasileiro, com Bressane, desafiando lógicas ocidentais. Por isso, em A Árvore, sua filha Ana Vaz, brasiliense de nascimento e criação, volta ao Fronteira, em homenagem póstuma e conosco partilhada ao seu querido pai - uma das pessoas mais importantes para a própria existência e sobrevivência desse festival, além de retrato do Brasil moderno que culmina, mais uma vez, em nós. São Guilherme e Ana que puxam essa sessão planalto-central-puro-sangue com a aventura da subordinação do real ao possível. Paisagem Em Chamas, exibido pela primeira vez entre seus próprios fantasmas, convoca a memória da existência do lugar, do Cine Brasília e de todos os cinemas aparecidos e desaparecidos, num presente bifurcado. É como todos os filmes aqui: recusa do hábito de cair na armadilha da cafetinagem do cinema. Luta Pela Terra é um engajamento minoritário de cinema direto necessário e vital, o cinema aliado aos povos indígenas, no limite, um cinema pró-demarcação. Já Cemitério Verde introduz o processo fabulatório que também está no real, no comum, história de família afrodiáspora no cerrado, campo de forças étnico-afetivo, futuro aberto, ética. É como se todos nós que vivemos no DF pudéssemos ter o mesmo déjà-vu: o comum é o contra-território.
Um filme-meditação em sequências de 30 segundos que se encadeiam para unir geografias, tempos, vivos e mortos com uma espada de metal — a montagem — unindo vácuos — presenças internas às sequências. A Árvore: filme sobre a metamorfose de um gigante.
Lavina se aposenta e conquista a casa própria em uma pequena cidade no meio do Cerrado. Nem grama cresce no solo degradado do novo quintal, o que inspira Lavinia a plantar um jardim agroflorestal oferecendo cada muda para um parente já falecido.
Diversos povos indígenas se mobilizam em Brasília, Roraima e Amazonas frente a um importante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Em parceria com comunicadores indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e com o Coletivo de Comunicadores Mura, o filme apresenta a Luta pela Terra nos três territórios, trazendo as diferentes tradições e estratégias que constroem esse forte processo de resistência coletiva.
Brasília pegou fogo e não sobrou muita coisa.
