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Programas e Filmes

Programa 14 - Entrever a memória

Um portal para uma outra plástica cerebral-sensorial, Anti-cosmo conecta Bezuna quando nos mobiliza a percepção do tempo, esgarçamento das imagens ao intangível. Mesmo quando mostra como lidar com a intensidade da memória no presente, há presentificação do trauma nas imagens das crianças, do gato, da guerra: em Bezuna, muito distante do sistema sensório-motor mas também não muito perto de qualquer raíz experimental fixa, a viagem é livre. Imagem-Tempo atravessa também a livre experiência do cinema como livre experiência do pensamento, arqueologia da memória e multiplicidade da memória, lacunas do tempo, filosofia com cinema da filosofia do cinema de Gilles Deleuze: imagem cristal. Em Tudo o que vi era o sol o personagem interpretado por Gil Antunes, corporifica, a partir de um gesto fabulativio de mise en scene, toda essa paisagem político afetivo de uma memória proletária – um fantasma que vaga pelo tempo e o espaço – e vive na medida em que se integra a ela, desmaterializando-se. Por sobre essa paisagem cósmica e imemorial, emerge uma outra, urbana, vulcânica, corroída que estridentemente se decompõe em pixels.

Anti-cosmos

Takashi Makino
2022 | 16' | DCP | Colorido

Um filme físico para exibição no cinema. A trilha sonora, que foi produzida principalmente na faixa de frequências abaixo de 1000 Hz, vibra fisicamente o corpo do espectador. Anti-cosmos significa semelhante a Noise, o poder que rompe o cosmos/ordem. Inspirado em "Cosmos and Anti-cosmos", do filósofo japonês Toshihiko Izutsu. 

Bezuna  

Saif Alsaegh
2023 | 7' | DCP | Colorido

Bezuna explora as complexidades da fuga de uma zona de guerra por meio da análise de detalhes periféricos. Ao entrelaçar diferentes narrativas, o filme apresenta os sentimentos puros e devastados de uma criança e de um gato cujas vidas nunca mais serão as mesmas.

Imagem-tempo / Image-time

Daniel Neves, Renato Queiroz
2022 | 5' | DCP | Colorido e P&B

Em cada casa na quebrada, escondido na caixinha dentro do guarda roupa, há um museu de estórias anônimas, há um universo a ser escavado pela arqueologia cinematográfica. A estória dos oprimidos é contada a partir de fragmentos, é preciso reunir os cacos do passado, recolher as memórias apagadas pela história oficial. Conhecer a si mesmo é condição para saber qual caminho trilhar.

Silesilence

Jacques Perconte
2022 | 15' | DCP | Colorido

A janela de um apartamento em Roterdã nos leva aos arredores de um porto industrial, uma máquina estridente e devoradora que derrama suas chamas. Em frente a esse espetáculo infernal e metálico, o horizonte parece obstruído. As fábricas de aço transformam o material em fumaça, e os barcos navegam contra ventos e marés. Acima do metal e dos prédios que perfuram o céu, o silêncio e o voo dos pássaros são apenas uma hipótese.

Tudo que vi era o sol / All I could see was the sun

Leonardo Amaral, Pedro Maia de Brito, Ralph Antunes
2023 | 20' | DCP | Colorido

Gil faz bicos na construção civil, frequenta o bar de sua mãe e tem encontros amorosos com Kátia. Em um dia comum, Gil desaparece.