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V Fronteira Festival divulga filmes premiados da mostra Cineastas na Fronteira

Publicado em 04/09/2023

A mostra Cineastas na Fronteira exibiu 40 filmes de 21 países no Cine Brasília. Ao todo, quatro obras receberam destaque do júri oficial do evento.

A quinta edição do Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental no Cine Brasília chegou ao fim neste domingo (3/9) com o anúncio dos filmes que receberam destaque do júri oficial. Composto pela cineasta Denise Vieira, sócia da produtora audiovisual Corriola e integrante do Coletivo de Cinema em Ceilândia (Ceicine); por Len Costa, cofundador do Coletivo Maleta, produtora artística que atua com acessibilidade linguística em Libras e por Lila Foster, curadora, pesquisadora e preservacionista audiovisual, o júri ofereceu destaques para quatro obras cinematográficas. 

O longa-metragem “Escuridão Flamejante”, de Gaelle Rouard (França) recebeu o destaque intitulado “Tábua de Esmeralda”.

Texto do júri:

- "No começo era a matéria: emulsão, cristais de prata e luz. Praticar o cinema como alquimia, uma combinação de elementos naturais que insistem na magia da manipulação. O destaque “Tábua de Esmeralda” vai para o longa-metragem "Escuridão Flamejante" (França), de Gaelle Rouard".

O destaque chamado “Sagrada Fruta” foi para o curta-metragem “O tempo que nos separa”, de Parastoo Anoushahopour (Jordânia, Palestina, Canadá). 

Texto do júri:

- "A mitologia entranhada na terra, nas simbologias sexuais e no olhar turístico que consome uma geografia atemporal. O sagrado e o profano se entrelaçam em narrativas pessoais e ficcionais gerando uma pergunta inquietante: a quem pertence a (s) narrativa (s)? O Destaque intitulado "Sagrada Fruta” vai para "O tempo que nos separa"", de Parastoo Anoushahpour (Jordânia, Palestina, Canadá)

O curta brasileiro “Aqui onde tudo acaba”, de Cláudia Cárdenas e Juce Filho, levou o destaque nomeado “Intensa Botânica”.

Texto do júri:

- "A memória, a terra, a troca e a conexão entre o fazer cinematográfico e a construção de uma temporalidade que conecta o passado a um futuro desejado. O destaque chamado “Intensa Botânica” vai para "Aqui onde tudo acaba", de Cláudia Cárdenas e Juce Filho (Brasil)"". 

E Rosa Dias, personagem e musa absoluta de “A longa viagem do ônibus amarelo”, de Júlio Bressane e Rodrigo Lima, recebeu o destaque “Divina Presença”. 

Texto do júri:

- "Quando a vida e o cinema não se separam, filmar é testemunho. O semblante de uma mulher que atravessa uma obra, um corpo que encena o desejo, que presentifica a maternidade e insufla de energia criativa planos, textos, olhares, toda uma vida de trabalho em conjunto. Por isso o Prêmio Destaque "Divina Presença" vai para Rosa Dias, força motriz do filme "A longa viagem do ônibus amarelo" de Julio Bressane e Rodrigo Lima". 

Mais sobre os filmes premiados

Em "Escuridão Flamejante” Gaelle Rouard retoma a ideia do nigredo, o preto mais preto da alquimia, que de tão preto, reluz com uma luminescência escura, que brilha como nenhuma outra cor. "O trabalho de Gaelle poderia ser confundido com uma espécie de bruxaria, uma magia que faz emergir uma luz fabulosa, que contorna o mundo, lhe dá cores que jamais ousamos imaginar. Mas é alquimia. Uma alquimia que materializa um novo mundo, numa aventura mito-alquimica-poética que nos recobra algo que desde muito tempo nos foi amputado: a possibilidade de imaginar", Rafael Parrode, curador.  Gaelle Rouard (1971, França) é uma cineasta e artista de filmes feitos à mão. Desde 1992, ela dirige filmes, especializando-se em processamento químico de filmes e, nesse meio tempo, dedicou-se a brincar com todas as possibilidades de jogos de multiprojeção ao vivo com várias pessoas e solo.

“O tempo que nos separa" circula a história da esposa de Ló e seus lugares mitológicos, antigas formações de rocha salina encontradas duplicadas em uma fronteira disputada. Nesse processo, o "Pilar do Sal" torna-se um portal por meio do qual é possível encarar o Vale do Rio Jordão contemporâneo, sua fronteira altamente militarizada e as complexas infraestruturas de turismo, além dos domínios estigmatizados do desejo, da sexualidade e do gênero codificados nesse cenário político altamente mediado. A realizadora do filme é Parastoo Anoushahpour (Irã/Canadá), artista originária do Teerã, atualmente radicada em Toronto, que trabalha predominantemente com filme, vídeo e instalação. 

"Aqui onde tudo acaba" é um curta-metragem experimental que transita entre o documentário e a ficção. A partir de uma partilha de saberes realizada na Aldeia Bugio, em todos os estágios de filmagens em 16mm, revelação botânica e captação sonora de modo coletivo, busca reativar a memória das origens do povo Laklãnõ/Xokleng. Dirigido por Cláudia Cárdenas, artista audiovisual catarinense, e Juce Filho, indígena Xokleng e estudante do último ano de Jornalismo. 

No filme "A longa viagem do ônibus amarelo", Júlio Bressane volta-se ao passado a partir de imagens produzidas durante seis décadas em um longo fluxo de consciência. Destacam-se suas questões e obsessões, que revelam-se como elementos de sua teoria particular do cinema e da vida. Embora Bressane afirme que trata-se de um filme sem personagem, há uma presença onipresente, e é uma mulher. Ela, musa absoluta de um dos cineastas mais inventivos que se conhece, chama-se Rosa Dias. Mas quem é ela? Ela é uma filósofa brasileira especialista no pensamento de Friedrich Nietzsche, e é a companheira de Bressane desde os anos 1970. É também diretora, roteirista, produtora, atriz, figurinista e diretora de fotografia de diversos filmes, em parceria com Bressane. Além disso, o cineasta fez ao menos três filmes sobre o filósofo Friedrich Nietzsche ("Dias de Nietzsche em Turim" (2001), "Nietzsche em Nice (2004") e "Nietzsche Sils Maria Rochedo de Surlej" (2019)), que são integralmente atravessados pela abordagem de livros e artigos publicados por Rosa Dias. 

Mostra on line 

Entre 15 e 19 de setembro, o V Fronteira oferece ao público a “Mostra Soltar Rio Dentro de Nós”, um programa online que terá 9 filmes dos 40 que estiveram presentes na Mostra Cineastas na Fronteira. Eles estarão disponíveis no site do festival e contarão com ferramentas de acessibilidade como Closed Caption e Audiodescrição.